
E quando, num fim de tarde, batia o vento na areia ela movia-se tão sensual. Era como os corpos que dançam.
Corpos que acompanham os sons e em dança eclodem em substâncias abstratas.
Um baile de máscaras, não sei. Passos cujas vastidões causam-me um furor, um desses como lembrar-se de um sonho no caminho de volta pra casa. Sonho que escapa e de mim é dono quando se mostra aos poucos e ao seu bem querer.
Na minha dança sou areia, se procuro o mar, afogo-me. Se ouço vozes, palavras e incompreensões humanas viro precipício.
Se me acalmo no amor, procuro quem é evidente em mim, e assim sou puro desejo, não me docilizo, assusto e temo.
Teço os saltos cadenciados junto do som que vem dos lábios, encontrarei sua existência por sua sonoridade, que me guia e esguia me toma.
Sou areia tanto minha quanto sua. Ganho nós.