domingo, 12 de agosto de 2007

Prece




Você não sabe, ainda não sabe.


Quando vira seu rosto, mexe seus olhos e vasculha seus pertences, quando respira mais fundo e sorri feito um menino, observo.


Talvez seja para garantir que nunca esquecerei dos átomos de seu corpo e da vastidão das linhas de sua mão que por tantas vezes tentei ler para desvendar um caminho só meu e seu.


Não encontrei.


Nem sei se há atalhos, armadilhas ou predadores.


Sua voz já não soa como antes, esqueci como era, tenho medo de esquecer, assim, tão silenciosamente.


Faz muito que não sinto o gosto de sua boca quanto em silêncio, andava por ruas pelas quais passávamos distraídos com a vida, mas não conosco. Ainda sei qual o seu gosto?


Acho que nossa última dança se foi e eu ao menos notei, não me lembro.


Em prece, peço para não esquecer o bom homem que já foi.




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