terça-feira, 28 de agosto de 2007

Carta a você


Contarei a você os segredos do mundo, os que cultivei em silêncio e desaguei entre os boêmios.
Já tive sim, outras cores e procuro não me arrepender pelas estamparias quando a brisa bate. Aqui fora faz frio, meu bem. Aqui fora é quente.
Quem seria eu para dizer os caminhos, se tantas vezes optei pela pausa. Questionará se não me fartei da mesmice, mas responderei que no sempre igual é que encontramos o novo que lhe faz surpreender. O fascinante pode ser o que pra outros é desprezível.
Amará e odiará, mas acredite que cada um faz a seu modo essas elucubrações. Não pense que sou sábia, pequenino, apenas tenho medo que se corte, já que por aqui até os papéis fazem isso nas peles distraídas. Ame por você, não espere do outro o conforto para se deitar. Espero que arrume um leito quente recoberto por panos cheirosos.
O cheiro da sua casa será pelos outros sentido e nunca saberá a quem agradou. Sim, todos se enganam por aqui, sorrirão dizendo maravilhas quando pelos poros esbanjam repugnância, e você, também fará isso, não se assuste.
Aprenderá algumas coisas e descobrirá que outras você sabia fazer antes mesmo de fazer. Sempre estranhei isso, mas sempre senti que algumas primeiras vezes já possuíam prática, sem nem ao menos teoria.
Sentirá que seu corpo foi feito pro amor e o fará sem grandes segredos, assim tão de repente que de certo não notará, talvez apenas depois do susto, talvez apenas depois da carne.
Não gostará de me contar seus segredos, esconderá suas palavras e temerá dizer o que sente, mas espero que isso passe, por que se de fato descobrir quem sou pelo menos para você, quero que me conte.

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