
O mundo era tão pequeno que não cabia nela, sim sei que deve se estranhar, e assim fiz, mas tudo de fato era muito menor que, enfim, pudesse ser.
Perdia-se na minúcias das falas, enquanto só pensava em enlouquecer de fato. Não era possível imaginar uma vida inteira, sem que encontrasse a possibilidade do desatino. Pensou em perguntar como Seu João havia conseguido tal proeza - dolorida, sabia - mas a estrada por si já causava ardilosos canaviais.
Não aprendera a odiar e pelo insensato Deus - seca. Se Lhe concedesse a cura do mal, conceberia a fome, corporificação de suas faltas. Sempre faltou-lhe o ar.
Bebia com goles profanos as lágrimas dissolvidas no café amargo de cada dia. Faltava-lhe o chão, pisava em nevoeiros e sempre só, arrumava sua casa, sempre vazia, cultivava os beijos lilases em seu jardim, primavera ia, primavera vinha e os beijos intactos, quase azuis.
E só queria ser dona de seu destino, mas se engasgava ao notar que não sabia de seu próprio pó.
Como poderia viver sem saber o ponto de chegada, sem notar o ponto de partida?
Ser dona de um mundo maior, ser dona de onde coubesse, enfim.
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