quinta-feira, 12 de julho de 2007

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Ensinou-me o amor daquele jeito tão desmedido, sem lençóis, ao chão.

Dançavámos na chuva e carregávamos o prazer através das gotículas. Não tinhámos horas nem porquês.

Era meu bem para fazer amor e os filhos que nem parimos. João, Cecília, Eduardo, Maria, Pedro, Clara, José.

Segredos espalhados pela rede, em cada vão, em cada nesga do pano.

Mas agora não sei onde tudo se escondeu, converso com as mobílias que já nos alojaram, penduro-me no lustre, vasculho nos cantos, afasto as teias de aranhas, abro por inteiro as janelas envernizadas por você na tarde de sábado depois de nos confundirmos na mesa posta de frutas.

E apenas encontro um espelho a dizer que nada mais me cabe, que não fui genuína que a tentação me fez vassala.

Não me culpo, nem duvido que amo por inteiro...

Sei que não será capaz de perdoar, aos seus preceitos sou uma vadia, não mais encoberta por pêlos que tanto acariciou. Agora sente vergonha de meus gemidos nunca gélidos.

Deixo a casa arrumada, a mesa onde sentariam nossos filhos, os telhados com nossos sonhos.

Sou mulher, a sua mulher para todo sempre.



Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei mais desta versão blogueira!!
Menos "..." e mais esforço de palavras.
Bjos